Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (Sem Spoilers) (2021)
Shang-Chi é obrigado a enfrentar o passado que abandonou e lutar contra a organização dos Dez Anéis.
A Marvel Studios lançou o seu segundo filme este ano e novamente
com a ideia de criar uma nova fase para a Marvel Cinematic Universe (MCU),
trazendo um novo herói e uma história nova para o cinema. Shang-Chi promete
surpreender pela positiva aqueles que desconhecem a sua história levando para um
universo que até aqui era na sua totalidade demasiado Ocidental e centrado nos
Estados Unidos, algo que este novo filme também tem, mas numa minoria.
É neste ponto que começo logo os elogios ao filme, pois toda
a sua estética remete para o Oriente sendo capaz de se afastar das bases da Marvel
e inteligentemente conseguiram introduzir o mandarim. Não se agarraram ao
inglês como único idioma falado e deram espaço para que as personagens pudessem
falar na sua língua materna, não inventando novas regras para que isso
acontecesse, embora numa personagem isso tenho sido falhado. No entanto o inglês continua a existir durante
o filme, mas é introduzido de uma forma sábia, pois tem personagens específicas
que “obrigam” a que o inglês seja utilizado, casos da Katy (personagem representada
pela brilhante Awkwafina) e de Trevor (personagem de Ben Kingsley). Isto foi algo que a Marvel Studios poderia
ter feito com o filme da Black Widow, mas que optou em vez disso por
colocar sotaques que não foram assim tão bem recebidos pela crítica.
O grande destaque do filme, a meu ver, têm de ser as
coreografias e todo o cuidado da realização de Destin Daniel Cretton e da
cinematografia de Bill Pope, que já sabíamos que tinha qualidade e conseguimos ver
as suas marcas no filme se compararmos com os três filmes do Matrix.
Duas sequências que me agarraram ao filme e me fizeram adorar foram as do
autocarro, devido ao reduzido espaço de combate, com a realização a acompanhar
tudo nunca deixando passar o detalhe de que o espaço era pequeno e permitia
criar coisas fantásticas, e a sequência de Macau onde o espetáculo de luzes das
armas e da própria cidade contrastava com o escuro da noite e das roupas,
criando um momento de lutas rápidas, mas fáceis de acompanhar. As coreografias
de todo o filme estão incríveis e não necessitavam de qualquer CGI para
continuar boas, mas pelo menos não falharam e acabou por não estragar a experiência.
Se já na crítica ao Black Widow elogiei o trabalho de coreografia das lutas,
então em Shang-Chi não posso dizer outra coisa qualquer sem serem
elogios. Movimentos tão bem ensaiados e suaves que não necessitavam de qualquer
componente artificial e computorizado, mas é da Marvel Studios que estamos a
falar e seria impossível introduzir apenas as artes marciais num filme de super-heróis
sem que os recursos de CGI fossem introduzidos.
Como ponto negativo da minha experiência tenho de apontar o
recurso, por vezes excessivo, a flashbacks interrompendo a experiência
que se estava a ter. Se no início e a meio para contar a história estava a
achar bem colocados e essenciais para se perceber o que aconteceu, no final no
ultimo ato existiu um que ocupou pouco tempo mas que mesmo assim achei escusado,
não trazendo nada que já não se soubesse e que podia ser feito através da
continuação da imagem, parecendo estar ali para justificar algo que não era necessário.
Adorei todas as performances, e espero que todos os atores
presentes no filme ganhem aqui um novo impulso para uma carreira com grandes
filmes, sendo que alguns deles já têm algum futuro reservado em mais filmes da
Marvel, principalmente depois do que as cenas finais nos apresentam. Elogio
todos, mas a minha especial atenção e elogio terá de ser, para além do
protagonista, para Awkwafina e Ben Kingsley que me fizeram rir em todos os
momentos de humor. Se o segundo já é um ator conceituado em Hollywood e
souberam utilizar o fracasso que a sua personagem tinha sido no Homem de
Ferro 3 para dar uma volta e sair por cima, Awkwafina, que ainda é
desconhecida para muitos, voltou a mostrar que é uma atriz que merece mais papéis
de relevância e que é “pau pra toda a obra”, pois já mostrou várias vezes ser
especialista em papeis cómicos, mas também em dramas, onde destaco The Farewell.
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis é um filme com selo da
Marvel Studios e que mais uma vez utiliza os modelos do estúdio, mas desta vez
com um toque Oriental, e que bem que conseguiram introduzir essa nova forma. É possível
assistir ao filme sem ter um contexto aprofundado da Marvel e mesmo assim
entender, pois ao existirem referências a filmes passados e futuros, toda a
arte e cuidado coreográfico são merecedores de respeito e de um olhar atento.
João Maravilha
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