Black Widow (Sem Spoilers) (2021)

 



Natasha Romanoff (Black Widow) terá de voltar ao seu passado e corrigir erros do passado, tendo também de enfrentar problemas pessoais.

 

Black Widow é o mais recente filme da Marvel Studios e que se insere no meio da história cronológica da Marvel Cinematic Universe, colocando-se no seguimento do Capitão América: Guerra Civil. Realizado por Cate Shortland, que se estreia na realização de filmes de super-heróis, Black Widow foi um filme esperado por muitos e que pode dividir muitos dos seus fãs.



Scarlett Johansson finalmente pôde ter o protagonismo num filme da série e mostrar que é uma atriz que foi aprendendo a melhorar a sua personagem. Ao não existirem mais Vingadores ao longo do filme permite que uma personagem, que até aqui era quase uma sidekick, consiga mostrar todo o seu potencial e possamos criar uma maior ligação. Após os eventos do Avengers: Endgame Natasha Romanoff merecia um carinho diferente, algo que a permitisse conhecer melhor. Mas se Scarlett Johanson assumiu um protagonismo que nunca teve antes num filme da Marvel, esta beneficiou também de contracenar com outros excelentes atores que permitiram que o filme pudesse ser mais variado nas diferentes sequências. Florence Pugh foi uma boa Yelena, sendo capaz de mostrar a ferocidade contrastante com a miúda frágil que ainda não sabe gerir os seus sentimentos, mas com outros momentos em que me parece que o argumento deixou a personagem e em contrapartida a atriz meio perdida no papel. Já David Harbour conseguiu trazer um papel supercómico, que apesar de piadas mais simples e caricaturais não destroem a comédia, pois a personagem é construída sobre esse efeito e tal só torna tudo melhor.



Se falo no humor da personagem de David Harbour, o Alexei ou o Red Guardian, tenho então de falar já sobre um dos pontos mais altos do filme: o humor. Black Widow é a prova  de que a MCU consegue colocar comédia e uma boa risada em qualquer filme, mesmo num em que a protagonista sempre se mostrou mais fria e com menos sentido de humor. Dei por mim a rir com a grande interação entre as personagens e com o à vontade com que estas se relacionavam. O argumento está construído de uma maneira tão cómica que cada piada assenta bem e não fica a sensação de que era evitável ou que está num momento errado. E a piada sobre a pose da Natasha é mais um exemplo de como a Marvel está bastante distante, pela positiva, dos filmes da DC, sendo capaz de caricaturar as personagens e brincar com a situação, não tendo medo de fazer as piadas com medo de rebaixar os seus filmes. A prova de que a diferença entre os estúdios ainda é muito grande está na comparação com o filme Mulher-Maravilha 1984, onde a comédia é inserida numa personagem fria sem qualquer tipo de cuidado dando espaço a algo constrangedor, coisa que não acontece em Black Widow e fica muito bem feito.

 

Outro aspeto positivo do filme, e que penso não ter surpreendido ninguém devido ao que já havíamos sido habituados anteriormente, foram as sequências de luta. As coreografias tiveram exímias e mais uma vez foram a prova de que muito trabalho e talento existe nos duplos de cinema, algo que já poderia e deveria ser prestigiado na indústria, pois cometem riscos e executam acrobacias difíceis sem que o seu talento seja suficientemente valorizado.



No entanto nem tudo foram “mar de rosas” e o filme consegue desapontar e falhar quando estava a prometer ser melhor. Ao ver a primeira sequência fiquei frustrado pela ação da Red Room e a formação da Natasha ser passada toda sobre a forma de créditos, principalmente pelas personagens nos serem apresentadas anteriormente. Fiquei a querer mais e a desejar que em vez de um filme toda a ação se realizasse sobre a forma de minissérie, principalmente agarrando na nova forma da MCU lançar as suas histórias através de séries mais curtas. Mas neste caso foi um gosto pessoal criado a partir de algo que estava a ser bom e que deseja ter visto mais.



Também o primeiro e o segundo ato trazem coisas positivas e penso que foi por isso mesmo que o terceiro me desapontou tanto. Toda a questão familiar e o regresso às origens, a conciliar com as falhas dos heróis e com os seus traumas está colocado de uma maneira simples e que resulta, mas é ao chegar ao terceiro ato que parece tudo descambar. Todas as soluções são demasiado rápidas e sem que exista uma real dificuldade. A identidade do Taskmaster é revelada sem qualquer emoção (pelos menos para mim não me causou nada) e apesar de ser algo que foi sendo construído ao longo do filme veio sem impacto. Também o verdadeiro vilão e chefe da Red Room foi curto nas suas ações e a própria Red Room fez-me lembrar uma cópia da nave dos Vingadores, sendo que quando a vi pela primeira vez fiquei desapontado pelo edifício voador. O argumento parece que descambou totalmente ao chegar ao climax do filme, sem que cause qualquer impacto, e a edição e a animação das explosões, para mim, ficou a desejar, dando-me ares de uma mistura de filmes da MCU com Michael Bay.

 

Black Widow é um filme que resulta e apesar do último ato pior consegue trazer coisas boas e lançar história para o futuro. É um filme que apesar de não ficar entre os melhores do universo da Marvel, com certeza que irá trazer boas horas de ação e sorrisos a quem o vir.

 

“I've lived a lot of lives... But I'm done running from my past.”

 

João Maravilha

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