Palpites Óscares 2021
Está a chegar uma das alturas mais aguardadas por qualquer
amante da 7ª arte, a gala dos Óscares. Quer se goste ou não da Academia de
Artes e Ciências Cinematográficas e da sua entrega de prémios, é praticamente
impossível não assistir ou se interessar pelos nomeados e pelos vencedores.
Podemos até não assistir ao glamour da passadeira vermelha e aos
desfiles de fatos e vestidos que por muitos são comentados, pois a bem da
verdade, o que interessa verdadeiramente
a um amante de cinema, ao ver a gala, são os
vencedores e o suspense à volta daquele pequeno momento onde se abre o envelope e a icónica frase “And the
Oscar goes to…” é dita. É nesse momento que vemos a alegria, os abraços e os
beijos dos vencedores contrastarem com a tristeza ou aceitação da derrota dos
vencidos, que parabenizam aqueles que irão subir ao palco receber o prémio e discursar.
É claro que a Academia e todo o seu júri toma decisões
controversas e polémicas, como as várias questões raciais e de misoginia de que
foram acusados, ou até as decisões de vencedor que muitas até hoje são
imperdoáveis, como o caso da vitória de A Paixão de Shakespeare contra O
Resgate do Soldado Ryan e A Vida é Bela. No entanto, apesar de todas
as polémicas e decisões, a gala é sempre um dos momentos mais vistos e
comentados mundialmente.
Este ano, apesar da situação pandémica, a Academia irá
entregar pela 93ª vez os prémios e a gala realizar-se-á. Aqui, irei dar os meus
palpites pessoais, dando importância às galas de prémios anteriores, como o
caso dos BAFTA, dos diferentes Sindicatos, entre outros. As categorias de
Documentário, de Documentário de Curta-Metragem, e de Curta-Metragem (live
action), não serão referidas, pois não seria justo tendo em conta que não assisti
à maioria destas.
Alguns dos filmes nomeados aos Óscares já possuem crítica
aqui no Blog e estão inseridos na etiqueta de Oscars 2021. Alguns dos nomeados
que ainda não têm crítica, irão recebê-la a seu tempo, sendo que The Father,
Promising Young Woman, Another Round e Minari estão
prometidos.
Comecemos, então, a lista e a justificação, para a maioria, dos meus palpites pessoais:
Melhor Filme Internacional:
Penso que aqui não irá existir nenhuma surpresa e que o
filme dinamarquês Another Round irá vencer esta categoria. Apenas
Quo Vadis, Aida? poderia fazer frente a Another Round, mas duvido
que consiga vencer. E não nos podemos esquecer que até Thomas Vinterberg está
nomeado ao prémio de Melhor Realizador, tirando o lugar, merecidamente, a
outros que, se calhar, eram vistos como favoritos à nomeação;
Melhor
Curta-Metragem de Animação:
Nesta categoria, temos uma das primeiras “falhas” nas
nomeações, a meu ver. Yes, People foi ocupar um lugar quando nada de
especial tem. É uma curta normalíssima e sem nenhuma mensagem assim tão
emocionante ou pertinente como a Academia gosta. Para mim, Umbrella, uma
curta brasileira de grande qualidade, deveria estar no seu lugar. Mas estamos
aqui para falar dos vencedores e, na minha opinião, este será Se
Acontecer Alguma Coisa, Adoro-vos. A curta de animação da Netflix tem
tudo para ganhar: é simplista, não necessita de palavras e tem uma mensagem
super emotiva e tocante. Não estranharia se Opera ganhasse também e
ficaria satisfeito. É uma curta que não necessita de uma mensagem exposta e que
tem tanta coisa para ver em tão pouco tempo, obrigando a que seja necessário
ver várias vezes para captar toda a sua essência;
Se Acontecer Alguma Coisa, Adoro-vos (2020)
Melhor
Filme de Animação:
Melhores
Efeitos Visuais:
Como já vem sendo costume, é nesta categoria que vemos os
filmes mais ausentes das restantes categorias, muito por serem filmes que
dificilmente são alvos de Oscar Bait. Este ano, penso que o vencedor
será Tenet, pois apesar de ser um filme que não foi bem recebido
por muitos, é impossível não dar o mérito aos efeitos visuais que apresenta.
Não vejo nenhum dos outros nomeados superar e vencer Andrew Jackson, David
Lee, Andrew Lockley e Scott R. Fisher, responsáveis pelos efeitos
visuais do filme de Nolan;
Melhor
Canção Original:
Nesta categoria pouco tenho a dizer, apesar de estranhar a
ausência da música “Running With the Wolves”, de Aurora Aksnes. O vencedor,
para mim, será “Speak Now”, de Leslie Odom Jr. e Sam Ashworth, do
filme One Night in Miami…;
Melhor
Banda Sonora:
Mais um prémio que penso que não escapa a Soul.
Nesta categoria já venceu o BAFTA e o Critics' Choice Awards, sendo que, com
estas duas vitórias, muito dificilmente não vencerá também nos Óscares;
Melhor
Maquilhagem e Penteados:
Aqui chega a hora de Ma Rainey’s: A Mãe do Blues
brilhar. Para mim, apenas Mank poderia lutar pela vitória desta
categoria, mas Ma Rainey’s, ao ganhar esta categoria nos BAFTA e no Critics'
Choice Awards, duvido que não seja o vencedor;
Melhor
Som:
Depois da minha crítica pessoal ao Sound of Metal,
penso que é difícil elogiar mais a obra e a qualidade do trabalho de som de Nicolas
Becker, Jaime Baksht, Michelle Couttolenc, Carlos Cortés e Phillip
Bladh. Nesta categoria, ficaria bastante chocado e revoltado caso não fosse
este o vencedor, pois nenhum dos outros trabalhos se pode comparar com a
excelência do som deste filme;
Melhor
Guarda-Roupa:
Nesta categoria, consigo ver dois possíveis vencedores, Mank
e Ma Rainey’s: A Mãe do Blues, mas, infelizmente, apenas um vence. Se o
meu voto não fosse a pensar na Academia, eu diria que Mank ganhava por
toda a caracterização e por ter um elenco maior e um guarda-roupa mais
diversificado. Mas visto que Ma Rainey’s venceu os prémios do
BAFTA e do Critics' Choice Awards nesta categoria, penso que o Óscar irá cair
para Ann Roth;
Melhor
Direção de Arte:
Aqui, penso que finalmente Mank vencerá um
Óscar. O filme de Fincher é o mais nomeado para a gala e por isso mesmo
acredito que será o maior derrotado, sendo que a Direção de Arte salvará o
filme da desgraça de sair sem qualquer Óscar. Espero estar enganado quando digo
que será o maior derrotado, pois apreciei bastante o filme. Mas também não vejo
outro filme a vencer Mank nesta categoria, pois todo o cenário e
produção do filme nos reencaminham para aquela Hollywood dos anos 30, e essa
viagem temporal é merecedora de valorização;
Melhor
Edição:
Nesta categoria teremos uma das maiores lutas, pois as galas
anteriores aos Óscares não foram unânimes nas escolhas. No BAFTA venceu Sound
of Metal, e no Critics' Choice Awards venceu também Sound of Metal e
Os 7 de Chicago, deixando num impasse para os prémios da Academia, entre
estes dois e também a luta com Nomadland. Tendo eu de dar o meu palpite, acho que a
escolha deveria cair em Sound of Metal e Mikkel E.G. Nielsen. No
entanto, não sei se a Academia não vai guardar uma surpresa e dar o prémio a Nomadland
e a Chloé Zhao;
Melhor
Cinematografia:
Uma luta interessante aqui, se não tivermos em conta que Nomadland
ganhou os prémios indicativos a esta categoria nos BAFTA e no Critics' Choice
Awards. É claro que não passam de previsões e que, chegando aos Óscares, os
eleitores são diferentes e poderão escolher outro vencedor. Vejo qualquer um
dos nomeados com qualidade suficiente para vencer, mas a vitória custa-me a crer
que não seja de Nomadland;
Melhor
Argumento Adaptado:
Categoria presa por dois grandes argumentos: Nomadland
e The Father. Para mim, é impossível pensar sequer noutro vencedor
depois de ver os dois filmes. Nos BAFTA, ganhou The Father, no Critics'
Choice Awards foi Nomadland. Cloé Zhao consegue levar uma história mais
desconhecida, mas real para o grande ecrã, utilizando personagens reais
desempenhadas por elas mesmas, conseguindo transpor a verdade para o grande
ecrã. Já Florian Zeller e Christopher Hampton transportam a história homónima
da obra escrita de Zeller para o cinema sem grandes modificações, mas com um
cuidado exímio para que a sua ideia continue intacta e da mesma maneira
transmitida. Por aí, o meu palpite vai para The Father, que
consegue traspor uma obra incrível num espaço diminuto com toda a perfeição;
Melhor
Argumento Original:
Também aqui poderá haver uma luta pelo prémio, sendo que existem mensagens fortes e temas mais sensíveis ou pertinentes para a sociedade. No entanto, e visto que ganhou o BAFTA e o Critics' Choice Awards, Promising Young Woman deverá ter aqui a sua consagração e vencer o seu prémio (embora veja que possa ser uma das surpresas deste ano);
Promising Young Woman (2020) |
Melhor
Realizador:
Chegamos aos prémios mais aguardados pela maioria e aqueles que, por vezes, mais polémica causam. Nesta categoria, vejo dois possíveis vencedores: Chloé Zhao e David Fincher. Se forem estes dois na luta, teremos um realizador experiente, com duas nomeações antes de Mank e vários filmes de sucesso, contra uma realizadora mais inexperiente que se estreia nas nomeações. A minha aposta vai para Chloé Zhao, que já venceu o prémio nos Directors Guild of America Awards, BAFTA e Critics' Choice Awards. David Fincher a ganhar penso que seria mais pela sua carreira no geral do que pelo Mank, que apesar de ter apreciado bastante, não foi o seu melhor filme;
Chloé Zhao em Nomadland (2020)
Melhor
Atriz Secundária:
Mais uma categoria em que as premiações que poderiam indicar
o Óscar foram divididas. Maria Bakalova recebeu o prémio no Critics' Choice, e
Yuh-Jung Youn recebeu o BAFTA e o Screen Actors Guild Awards (Prémios do
Sindicato de Atores). A luta será entre estas duas atrizes, mas gostaria de
fazer um reparo nas nomeações, olhando para o que já vem sendo comum na
Academia. Glenn Close é uma atriz mais que conhecida, sendo que já havia sido
nomeada sete vezes, porém, nunca ganhou. Este ano, a Academia decide ocupar o
lugar de um nomeado com a prestação desta, num filme que em nada foi aclamado e
até tem críticas bastante negativas. Se formos a ver, Glenn Close é a primeira
atriz a ser nomeada para um Óscar e para um Razzie (Golden Raspberry Awards)
pela mesma prestação.
Mas voltando ao que realmente interessa, visto que nenhum
dos indicadores ajuda a definir quem vai ser a vencedora, o meu palpite vai
para Yuh-Jung, por Minari;
Minari (2020) |
Melhor
Ator Secundário:
Nesta categoria, só tenho pena que Judas and the Black
Messiah venha ocupar dois lugares. Daniel Kaluuya é, com certeza, o
ator com melhor prestação e muito dificilmente perderá para outro nomeado.
Sasha Baron Cohen também tem um bom papel, mas acho curto para ganhar, e é em
Paul Raci que viria uma grande alegria. É um dos melhores em Sound of Metal
e a maneira com que mistura a voz e os gestos torna o filme ainda melhor.
Kaluuya, para mim, será o vencedor, e só uma surpresa lhe retirará o prémio.
Venceu todos os prémios da categoria nas restantes galas e com certeza vai
ganhar com larga margem;
Judas and the Black Messiah (2020)
Melhor
Atriz:
Poderemos ter ainda mais história nesta gala, pois Frances
McDormand já é a primeira atriz nomeada para um prémio de atuação e produção
pelo mesmo filme, mas caso ganhe esta categoria iguala Meryl Streep como a
atriz com mais vitórias para Melhor Atriz.
Vejo a luta entre McDormand, Viola Davis e Carey Mulligan, embora esta um pouco mais distante. As três ganharam a categoria nas três diferentes galas de premiação antes dos Óscares, logo aí não vemos vantagem. Frances venceu em 2018 o prémio de Melhor Atriz, Viola em 2017 e Carey apenas havia sido nomeada em 2010. Se a Academia não quiser presentear atrizes que venceram recentemente, Carey ganha certamente, mas se tapar os olhos ao passado, acredito que a luta será entre Frances e Viola, onde dou o meu voto a Viola Davis. As três fazem papeis de mulheres independentes e fortes, o que vem mostrar uma mudança em Hollywood, embora ainda seja muito pequena;
Ma Rainey’s: A Mãe do Blues (2020) |
Melhor
Ator:
Teremos uma luta a três também aqui. Anthony Hopkins, com uma das suas melhores atuações e um papel incrível, Gary Oldman, ao representar uma personagem real e importantíssima para Hollywood, e Chadwick Boseman, que para mim será o grande vencedor. Será um título póstumo, mas dado com todo o mérito. Chadwick já estava em tratamentos quando atuava para o filme, mas é algo que nem se percebe, e tem monólogos incríveis, dignos dos melhores. Já nos havia presenteado com grandes atuações e conseguiu levar os filmes da Marvel a um patamar de premiação, ou em Da 5 Bloods em que, apesar de secundária, a sua atuação é arrebatadora e destaca-se juntamente com Delroy Lindo. Mas é em Ma Rainey’s e, principalmente, nos monólogos que rebenta a escala da atuação, aquele último ato do filme é emocionante e ficará para sempre marcado na história;
Ma Rainey’s: A Mãe do Blues (2020) |
Melhor
Filme:
Chegamos à tão esperada categoria, aquela em que todos os
olhos estão colocados. Apesar de ser a que mais nomeados apresenta, só um será
o vencedor e levará a estatueta dourada. São os oito filmes que a Academia
considerou melhores ao longo do ano de 2020, e que belos filmes temos nomeados.
Não considero a lista melhor que o ano passado, mas também não considero a pior
que já apareceu nos Óscares.
Para mim, a luta poderá acontecer entre Mank, por ser sobre Hollywood e a Academia gostar sempre dessa atenção, Nomadland, que tem vindo a ganhar os prémios da mesma categoria nas outras premiações, The Father e Promising Young Woman, dando uma grande surpresa com estes dois. Os dois últimos que indiquei, a meu ver, dificilmente vencerão, e mesmo Mank causaria estranheza e seria alvo de muita conversa e revolta. Nomadland, na minha opinião, será o vencedor e sem surpresa. Tem de tudo o que a Academia gosta, qualidade, histórias reais e uma apresentação ótima. Estranharia se não fosse Nomadland a vencer.
Terminamos, assim, os meus palpites, com Ma Rainey’s: A
Mãe do Blues a levar quatro prémios, Nomadland leva três, inclusive
o mais aclamado, e Mank a ser um dos maiores derrotados a levar apenas um
prémio após as 10 nomeações. Os 7 de Chicago, apesar da grande campanha
da Netflix, não vejo a levar nenhuma vitória das seis nomeações que teve.
A Gala dos Óscares será realizada no dia 25 de abril, mas a
gala de entrega dos prémios já acontecerá para lá da meia-noite, sendo que em
Portugal será transmitida na RTP, na madrugada do dia 26, em direto.
João Maravilha
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