Raya e o Último Dragão (2021)

 


Há muitos anos existia uma terra chamada Kumandra que unia os dragões e os humanos, mas depois de uma força maligna atacar, os dragões sacrificaram-se para salvar a humanidade. 500 anos depois essas mesmas forças voltaram e instalaram o medo. Agora cabe a Raya, uma guerreira da terra Coração, descobrir o último dragão, salvar a humanidade e restaurar Kumandra.

  

Raya e o Último Dragão é a mais recente animação dos estúdios da Walt Disney Pictures e da Walt Disney Animation Studios. Realizado por Don Hall, que já havia realizado Big Hero 6, e por Carlos López Estrada, responsável pelo filme Blindspotting, Raya contou na sua produção com vários elementos da equipa de animação de Moana, e isso é visível no estilo das personagens.

O filme conta com as participações de Awkwafina (como Sisu), Kelly Marie Tran (como Raya), Daniel Dae Kim (como Benja) e ainda Benedict Wong (como Tong). A produção não se poupou para trazer grandes nomes para as dobragens, pois como já enunciei em cima, muitos são atores a ganhar nome no mundo do cinema e outros com uma carreira já de renome que participaram nesta longa-metragem. Destaque também para Gemma Chan que dá a voz a Namaari e que entrega uma grande atuação para uma personagem que não era fácil.


"O filme conta com as participações de Awkwafina (como Sisu), Kelly Marie Tran (como Raya)"

            Raya e o Último Dragão demorou até me conseguir agarrar na história e a sentir-me totalmente ligado. O filme apresenta uma animação interessante, apesar de ser em muito semelhante a outros filmes do estúdio, mas surpreende na sua coragem de inovar nos momentos de ação. Estas situações conseguem trazer mais emoção e criar alguma aventura numa história que podia perder-se. As cenas de combate têm movimentos rápidos e aproximações constantes que empolgam e nos transportam para dentro do filme atingindo o seu ponto mais alto no combate final, onde toda a realização e equipa de animação depositou todas as forças e empenho, para criarem um momento lindo e uma grande ode aos grandes confrontos entre rivais do cinema. Todas as cenas de combate ou de desafios fazem lembrar videojogos, como Tomb Raider, onde o/a protagonista tem de superar vários desafios e escapar a várias armadilhas de forma a encontrar o bem que procura. Outro momento que apreciei bastante foi o da explicação da história de Kumandra através de um 2D de recorte, misturando dois tipos de animação tão diferentes, como é o caso do 3D digital, em que cada vez mais vemos maiores detalhes e realismo e o 2D de recorte, que é um conceito básico da animação, mas que contêm muita história e um brilho simplista único.



"Todas as cenas de combate ou de desafios fazem lembrar videojogos, como Tomb Raider (…)"


 Outro detalhe incrível da animação e da realização é a preocupação com as paisagens. Estas estão cuidadosas e lindíssimas, algo a que os estúdios da Disney já nos vêm habituando através dos outros filmes dos estúdios. Este é outro dos pontos fortes, pois juntando à animação ágil e movimentada às imagens detalhadas e belas criam sensações prazerosas.

Em termos de cenas menos conseguidas temos a limitação de tempo do filme que torna o desafio de achar as pedras e a criação de ligações com as personagens coadjuvantes menos interessante ou importante. A ligação das personagens secundárias com a Raya são algo que parecem cair do céu, de tão rápidas que são, mesmo que a mensagem principal seja a confiança e que a protagonista tenha receio e dificuldade em confiar nos outros. O papel das personagens é bem conseguido, quer seja o Boun (interpretado por Izaac Wong) e as suas falas rápidas e confiantes, mas que afinal não passa de um miúdo sensível que está sozinho, ou a Little Noi (interpretada por Thalia Tran) que juntamente com o Tuk Tuk (interpretada por Alan Tudyk) são personagens humorísticas e que trazem a aparência mais fofinha e que tanto é comum nos filmes do estúdio, ou mesmo o Tong como o forte e temido, mas que é facilmente emocionado e sensível às causas, unindo assim quatro das cinco zonas da antiga Kumandra.


"Tong como o forte e temido, mas que é facilmente emocionado e sensível às causas, unindo assim quatro das cinco zonas da antiga Kumandra."


Como referido o outro ponto menos positivo foi a rapidez com que se encontravam as pedras e com que as capturavam. Esses momentos só se tornam mais relembrados pois é neles que se encontram os desafios e muitos dos combates, no entanto nunca se demonstraram realmente difíceis de encontrar ou de recuperar, muito devido ao tempo da longa-metragem ser limitado por ser um filme de animação.

A mensagem principal de Raya e o Último Dragão é a confiança nos outros e a necessidade de esta existir para que o Mundo seja um lugar melhor, e nesse sentido esta é transmitida de uma forma clara, mas muitas vezes repetida. Sempre que a Raya supera um desafio depara-se com momentos em que tem de escolher confiar em novas pessoas, que são de diferentes terras e apesar de se tornar repetitivo é importante para o momento final e aí não podia existir melhor arqui-inimiga que Namaari. Isto se se pode chamar arqui-inimiga, uma vez que não se pode chamar de vilã, mas ao mesmo tempo também assume um papel contrário ao protagonismo da Raya. A meu ver, Namaari enquanto personagem é das mais completas e assume o papel que lhe é imposto de maneira perfeita, tornando-se a má da fita, mas de uma maneira a que sempre se veja nela uma pequena chama de compaixão e de bondade com que esta combate.


"A mensagem principal de Raya e o Último Dragão é a confiança nos outros e a necessidade de esta existir para que o Mundo seja um lugar melhor (…)"


Raya e o Último Dragão é um filme de animação bastante divertido e cheio de ação, que peca na qualidade da história, fazendo com que nunca exista uma dificuldade real nem que o público se agarre muito. Em termos de ação é dos filmes da Disney com melhores cenas de combate e de aventura, tendo nessas situações o seu grande apogeu. A mensagem da confiança e separação pode muito facilmente ser trazida para o nosso Mundo e para o nosso tempo, fazendo com que esta seja oportuna e bastante verdadeira.

O filme na sua generalidade está bem conseguido e oferece horas de entretenimento, sendo capaz de nos fazer rir com Tuk Tuk e as restantes personagens secundárias, emocionar, com a luta interior de Raya e Namaari, e ainda de nos fazer entusiasmar com as acrobacias e sequências de luta.

“Listen, if we don’t stop and learn to trust one another again, it’s only a matter of time before we tear each other apart. This isn’t the world I want you to live in. I believe that we can be Kumandra again. But someone has to take the first step. Trust me.”

 

João Maravilha

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